2009/09/16

A Importância da Inovação na Atual Economia

A Importância da Inovação na Atual Economia
Por John Gaffney, Editor Executivo do 1to1 Media

Com a economia mundial em vias de recuperação, muitas empresas têm feito um balanço com seus clientes mais rentáveis para saber quais mudanças foram geradas, e o mais importante, o que eles realmente querem neste momento. Em sua maioria, a expectativa dos clientes pode-se resumir em “preços baixos”, mas ainda existem outras que podem ser surpreendentes.

Muitos especialistas dizem que seus principais segmentos de clientes, inclusive os de mais baixo valor, reagem às inovações. Inovar, no preço, no produto e até mesmo nos meios de comunicação, cria um potencial para aumentar o valor do cliente na base existente, além de atrair novos.

Lidar com a nova realidade de percepção de valor dos clientes tornou-se a uma das principais questões na estratégia de clientes. Algumas das alterações mais significativas é a precificação dos produtos e serviços, que desafia a capacidade da empresa em utilizar o preço como mote para ingressar nos principais segmentos de clientes. Por exemplo, neste ano para atrair músicos iniciantes e clientes mais jovens, a Taylor Guitar apresentou um violão acústico com um preço inferior a 1.000 dólares, que provou gerar ótimos resultados para a empresa além de criar um novo segmento. Por exemplo, com o McCafé o Mcdonalds alcançou a extremidade mais alta da sua base de clientes.

Scott Anthony, autor do livro “The Silver Lining” e presidente da Innosight, empresa de consultoria e investimentos, diz que o valor da inovação permanece consistente independentemente do momento econômico. “Uma vez o diretor de tecnologia da Procter & Gamble me mostrou um gráfico bem interessante. Baseado em uma pesquisa da AC Nielsen ele mostrava a propensão dos clientes comprarem inovações ao longo dos últimos 30 anos. Tanto em momentos de estabilidade ou instabilidade a linha do gráfico apresentava-se surpreendentemente plana. Ou seja, os clientes demonstraram interesse em novos produtos e serviços inovadores, independentemente da situação econômica. Obviamente que, quando o bolso aperta o preço ganha maior importância. Porém, a maioria das pesquisas aponta que as principais necessidades, desejos e vontades de um determinado grupo de clientes mudam, na verdade, de forma relativamente lenta. Portanto, conforme a economia for se recuperando, acredito que não veremos mudanças radicais nas exigências dos clientes. As mega tendências que vem nos acompanhando há anos como, por exemplo, a personalização, customização, estratégias sócio-ambientais, irão permanecer em vigor”, afirma ele.

Podemos perceber que a inovação está efetivamente funcionando quando o preço e o produto conseguem atrair um novo grupo de clientes valioso. A precificação com base nos clientes raramente acontece sem a interação. Na verdade, isso não deve acontecer ao acaso. Grandes empresas como o McDonald’s têm a vantagem de terem grandes verbas para realizar enormes pesquisas, até mesmo com grupos de foco, para testar novas concepções e pesquisas automatizadas que proporcionam essenciais previsões analíticas. Contudo, ainda não existe nada que substitua um teste criterioso. Steve Blank, fundador da empresa CRM Epiphany, acredita que um rigoroso desenvolvimento de clientes é o principal diferencial entre o sucesso e o fracasso em novas empresas e projetos de capital de risco.

“Você começa com uma hipótese sobre o comportamento do cliente e então a refina dentro da empresa. Porém, em algum momento, seja com uma nova empresa ou com um novo produto, você terá que se basear em opiniões e não em fatos. É neste momento que você precisa descobrir se, de fato, tem ou não clientes ao seu alcance. Se você tem clientes, isso não significa necessariamente que você pode vender para eles. Então é preciso confirmar se a sua hipótese pode realmente produzir receitas efetivas”, diz Steve.

O jeito mais confiável é ir para o mercado e gastar [ganhar - obs. de E.Trauer] bastante tempo com os clientes para entender os seus problemas de hoje. Podemos chamar a isto de “serviços a serem feitos”. Você encontra um serviço que é importante ou que esteja gerando insatisfação e, então, você encontra a passagem para inovação. Mas atenção, isso não significa que você tenha que sair procurando clientes para perguntar [O que você quer?] Muito pelo contrário, você deve tentar entender os problemas que o cliente tem e, então, solucioná-los”. Conclui Steve.

2009/09/15

Eu, Etiqueta

Eu, etiqueta

Em minha calça está grudado um nome

Que não é meu de batismo ou de cartório

Um nome... estranho

Meu blusão traz lembrete de bebida

Que jamais pus na boca, nessa vida,

Em minha camiseta, a marca de cigarro

Que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produtos

Que nunca experimentei

Mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

De alguma coisa não provada

Por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

Minha gravata e cinto e escova e pente,

Meu copo, minha xícara,

Minha toalha de banho e sabonete,

Meu isso, meu aquilo.

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,

Letras falantes,

Gritos visuais,

Ordens de uso, abuso, reincidências.

Costume, hábito, premência,

Indispensabilidade,

E fazem de mim homem-anúncio itinerante,

Escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É duro andar na moda, ainda que a moda

Seja negar minha identidade,

Trocá-lo por mil, açambarcando

Todas as marcas registradas,

Todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

Eu que antes era e me sabia

Tão diverso de outros, tão mim mesmo,

Ser pensante sentinte e solitário

Com outros seres diversos e conscientes

De sua humana, invencível condição.

Agora sou anúncio

Ora vulgar ora bizarro.

Em língua nacional ou em qualquer língua

(Qualquer, principalmente.)

E nisto me comprazo, tiro glória

De minha anulação.

Não sou - vê lá - anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago

Para anunciar, para vender

Em bares festas praias pérgulas piscinas,

E bem à vista exibo esta etiqueta

Global no corpo que desiste

De ser veste e sandália de uma essência

Tão viva, independente,

Que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado fora

meu gosto e capacidade de escolher,

Minhas idiossincrasias tão pessoais,

Tão minhas que no rosto se espelhavam

E cada gesto, cada olhar,

Cada vinco da roupa

Sou gravado de forma universal,

Saio da estamparia, não de casa,

Da vitrine me tiram, recolocam,

Objeto pulsante mas objeto

Que se oferece como signo de outros

Objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso

De ser não eu, mar artigo industrial,

Peço que meu nome retifiquem.

Já não me convém o título de homem.

Meu nome noco é Coisa.

Eu sou a Coisa, coisamente.

(Carlos Drummond de Andrade)