2009/01/27

Os Desafios da Educação: Criatividade e Bom Senso

 publicado na Revista do Colégio Catarinense - 2008

FALAR em educação no Brasil representa, por si só, um grande desafio, pois apesar de ser o alicerce do desenvolvimento de uma nação, ainda há muito que fazer para que todos os cidadãos brasileiros venham a ter a oportunidade digna de receber uma educação com qualidade.

Como empresário e coordenador do curso de Administração tenho percebido uma realidade que chama a atenção no âmbito das organizações: O investimento do setor de pessoal no que tange a cursos de “geração de criatividade”, habilidade intra-pessoal almejada e exigida pelos gestores do Século XXI.

Neste ponto convido ao leitor a pensar nos seus tempos de infância, em como foi a sua relação com as pessoas mais próximas, sejam elas familiares, amigos ou professores. As crianças são pessoas extremamente criativas e ávidas por novas informações, tanto é que as suas perguntas geralmente terminam com o tradicional: Por quê? Por quê? ... e as respostas pré-estabelecidas pelos adultos acabam por ser: É porque é e pronto!!

No decorrer da vida escolar também é possível recordar da forma pela qual “aprendemos” os conteúdos programáticos (de uma maneira geral, não estou afirmando que é assim que acontece na totalidade). Tendemos a receber a informação com o direcionamento para uma avaliação chamada de “prova” na qual os alunos precisam de uma média mínima para a aprovação.

O enfoque principal acaba sendo desviado para a média mínima exigida e, na seqüência, para a aprovação em vestibulares e não para o  conhecimento e compreensão dos assuntos abordados. Decoramos orações coordenadas assindéticas aditivas pela necessidade de um conceito e não pela importância do entendimento da língua portuguesa e seguimos anos após anos até o início do curso superior que, provavelmente, irá dar continuidade ao mesmo modelo de repasse de informações.

Qual é a grande surpresa: a tendência do desaprender a ser crítico, reflexivo e criativo, habilidades que os gestores tanto precisam no atual mundo em que vivemos.

Se pedisse ao leitor que nesse momento, em não mais do que dezessete segundos, desenhasse uma casa, que tipo de figura provavelmente estaria surgindo? Faça um teste e depois verifique se não é semelhante à figura que aparece no final deste artigo. Por  quê isso acontece? Você lembra como foi que você aprendeu a desenhar uma casa? Provavelmente alguém desenhou a tradicional forma de casa e disse: Isto é uma casa, desenhe uma casa agora!! Quando uma das alternativas poderia ser mostrar casas nas redondezas e comentar: Essas são casas, agora você pode desenhar uma casa? Experimente...

Certamente sairiam desenhos diferentes do modelo pré-formatado e que não representa a realidade brasileira. O resultado está diretamente relacionado com modelos mentais que acompanham o desenvolvimento das pessoas e, dessa forma,  o potencial criativo poderia ser reforçado ao invés de sufocado.

Com essa reflexão chamo a atenção para algumas atividades que lembro com muita alegria dos tempos em que freqüentava o ambiente do Colégio Catarinense, atividades complementares tais quais os eventos na colônia de férias de Pinheiral, as Jornadas na Lagoa do Peri, nas práticas desportivas desenvolvidas pelo Colegial e as atividades da então Cruzada Eucarística e posteriormente CVX, dentre outras. Muito mais do que uma formação, essas atividades permitem o exercício de habilidades inter e intra-pessoais como liderança, tomada de decisão, responsabilidades e organizações de eventos que são extremamente úteis e importantes na formação profissional.

Lembro do garoto tímido que era em sala de aula e o quanto essa formação permitiu que mudasse, em muito, a postura pessoal e profissional.

Finalizo convidando o leitor para uma reflexão sobre a educação brasileira, para a forma muitas vezes isolada e independente nas quais as disciplinas são apresentadas, pela carência da educação artística, desportiva e social que dominam os ambientes de aprendizagem. Qual está sendo o nosso papel na formação dos jovens brasileiros para o futuro?




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